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Experimento levará estudantes do Instituto Federal de Santa Catarina para a NASA

Tem muitas crianças, adolescentes e até adultos que sonham em conhecer a NASA, aquela agência dos Estados Unidos que desenvolve pesquisas relacionadas ao espaço. Parece um sonho, mas que irá se transformar em realidade para um grupo de quatro alunos e três professores do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).
 
A equipe do Câmpus Xanxerê é a vencedora da competição Garatéa-ISS, que permite que estudantes brasileiros participem do “Programa de Experimentos Espaciais de Estudantes” (tradução livre), que seleciona e envia experimentos de alunos, de 10 a 17 anos, para o espaço. O anúncio do vencedor foi feito na tarde desta sexta-feira (14).
 
Neste ano, 4,2 mil estudantes, de 172 escolas, participaram da Garatéa-ISS. Após a primeira seleção, 61 propostas chegaram à reta final e três foram anunciadas como finalistas. Entre eles, estava o projeto dos estudantes do Ensino Médio Técnico Integrado em Informática do IFSC: Roberta Debortoli, Renata Muller, Ricardo Cenci e Isabela Battistella. Os quatro foram coordenados pelos professores também do Câmpus Xanxerê. De Química, Andreia Weber e Victor Bernardes e, de Matemática, Daniel Ecco.
 
Além de ser a segunda vez que o Brasil participa, em 13 anos de existência da competição, a equipe está ainda mais ansiosa porque é a única finalista do sul do Brasil e também a única representante das escolas públicas. Como a equipe brasileira foi escolhida, um grande sonho será transformado em realidade. Primeiro, o experimento desenvolvido pelos alunos do IFSC será enviado ao espaço e acompanhado por astronautas da NASA. E, após o retorno do experimento à Terra e da análise dos resultados, os estudantes serão convidados a participar de um congresso para exposição de resultados, em Washington (EUA). Ou seja: eles podem conhecer a NASA em 2019.
 
Como tudo começou
 
Toda essa história começou com Renata. Apaixonada por astronomia há pelo menos três anos, a estudante ficou sabendo do Garatéa-ISS quando lia a revista Galileu. “Primeiro, apresentei a ideia para os meus colegas que também gostam dessa área de Exatas e fomos atrás dos professores para inscrever o IFSC”, lembra.
 
Com a equipe formada, foi o momento de desenvolver o projeto, intitulado “Capilaridade vs Gravidade no processo de filtração”. Basicamente, os alunos e professores propuseram um sistema de filtração de água baseado na moringa, filtro de barro brasileiro, já que ele é considerado um dos melhores do mundo (segundo a revista The Drinking Water Book).
 
Este filtro tem o funcionamento baseado na gravidade, ou seja, é através dela que a água passa pela vela e é filtrada, sendo que o principal componente responsável pela filtração é o carvão ativado. “O experimento pretende testar um método de filtração independente da gravidade, para que a água seja filtrada no espaço, onde a gravidade é quase zero. E, para isso, contamos com a capilaridade”, explica a professora Andreia Weber. De forma simples e resumida, a proposta do grupo é que ao invés de a água ser filtrada de forma tradicional (por gravidade, de cima para baixo), ela seja filtrada sem gravidade, ao contrário da forma tradicional (por capilaridade, de baixo para cima).
 
O experimento será feito em um tubo de ensaio, que será dividido ao meio por uma camada de carvão ativado, o responsável pela filtração. Em um dos extremos ficará uma solução de azul de metileno, que é a substância a ser filtrada, e o outro extremo será o destino dessa mesma substância já filtrada.
 
“Além disso, o experimento terá a presença de um respirador, que passará ao longo de todo o tubo, a fim de regular a pressão interna: o líquido só pode passar para o outro extremo ‘trocando de lugar’ com o ar, ou seja, para o líquido passar, é necessário que passe ar no sentido contrário”, contam os estudantes.
 
Depois de tanto estudo para propor o projeto, é nítido que o conhecimento e a ansiedade dos alunos e dos professores está enorme. “O projeto faz com que todos tenhamos contato com a metodologia científica, desenvolvendo um projeto de pesquisa, aprendendo a levantar hipóteses, testando e elaborando as conclusões com experimentos reais”, afirma a equipe.
 
“Temos muito orgulho de trazer destaque ao oeste catarinense em um concurso de ciências espaciais. É uma área muito pouco comum, mas considerada um sonho por muitos. E aprendemos muito, porque precisamos lidar com erros e achar um meio de fazer dar certo”, ressalta Renata.
 
Entenda melhor
 
A Garatéa-ISS é uma iniciativa desenvolvida pela Missão Garatéa em parceria com a Universidade de São Paulo e a Fundação de Apoio à Física e à Química. Além do Instituto TIM, o projeto também é patrocinado pelas empresas Airvantis e Braskem.
 
Missão Garatéa, que vem do Tupi-Guarani “Busca Vidas”, é um consórcio espacial brasileiro, feito em parceria com a USP e a Fundação de Apoio à Física e à Química, e com patrocínio da Airvantis, Braskem e Instituto TIM.
 
O fundador é o engenheiro espacial Lucas Fonseca, único brasileiro que participou da Missão Rosetta, da Agência Espacial Europeia, que levou uma sonda à um cometa pela primeira vez na história.

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