Saúde
Máscaras capazes de inativar o Sars-Cov-2: como separar o joio do trigo?
Consumidor brasileiro hoje conta com diversas opções no mercado que prometem proteger contra o coronavírus. Porém, é importante ficar atento à questão da certificação de sua eficácia para não ser enganado
A indústria têxtil Delfim desenvolveu um tecido capaz de eliminar o novo coronavírus em até 2 minutos, que pode ser usado na produção de máscaras e equipamentos de EPI e até para a fabricação de toalhas de restaurantes.
Com investimento de 2 milhões de reais, em testes, adaptação do maquinário e consultoria, o tecido usa uma nanotecnologia a base de nitrato de prata para inativar o coronavírus.
Com 140 colaboradores, a Delfim produz anualmente 40 milhões.
A pandemia da Covid-19 segue em curso, apesar dos números apresentarem leves baixas e uma certa estabilidade nos índices de contaminação. Mesmo com vários estudos científicos comandados por inúmeras instituições ao redor do mundo na busca pelo desenvolvimento da vacina para o vírus, até o momento nenhuma notícia palpável traz uma estimativa de erradicação do problema no curto prazo. Ou seja, o coronavírus continua livre, leve e solto por aí. E não sabemos até quando.
Levando em conta esse cenário e a realidade de espera por uma solução para a COVID-19, as pessoas precisam reforçar seus mecanismos de proteção, seja para si mesmas e também para os outros. Nesse sentido, entram no topo da lista atitudes como a constante higiene das mãos e o uso de máscaras.
Com a disseminação do uso de máscaras, uma grande onda de produtos que trazem benefícios extras ganhou força no mercado brasileiro, principalmente no setor de tecidos, que trazem como diferencial a proteção antiviral contra o coronavírus. Porém, diante de tantas ofertas, o consumidor acaba sendo exposto a itens que prometem eficácia, porém não entregam o prometido. É preciso estar atento para não cair em armadilhas e ser enganado!
Em meio a isso, surgiram notícias animadoras de tecidos antivirais que trazem uma proteção além da barreira mecânica, graças à presença de componentes estudados cientificamente e comprovados que ajudam a inativar o Sars-Cov-2 de superfícies. E pegando carona nesse movimento, várias empresas se movimentaram para produtos desenvolvidos em parceria com pesquisadores, com testes feitos em laboratórios e comprovados por laboratórios de microbiologia de referência como as das grandes universidades, a exemplo de Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas (UNICAMP) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), entre outras.
Nessa linha, há exemplos bem-sucedidos de indústrias tradicionais do segmento têxtil que contam com produtos certificados como a Delfim Tecidos, a malharia Malwee, e a Rhodia (fabricante de fios para uso na produção de tecidos). Além delas, a Elka, conhecida por sua linha de brinquedos infantis, também decidiu investir em matérias primas anti-Covid, e também criou um modelo de máscara feito à base de plástico e micropartículas de prata.
De acordo com Mauro Deutsch, CEO da Delfim, a empresa lançou o Delfim Protect no primeiro semestre deste ano e já trouxe o produto com alguns diferenciais. Na contramão do que pregava o mercado – de que um tecido antiviral para ser eficiente precisaria contar com algodão e mais um tecido sintético em sua composição – é composto de 100% poliéster, com uma fibra mais fechada, que garante proteção mecânica e mais segura pela própria característica de seus fios. Além disso, foi enriquecida com nanotecnologia, por meio da aplicação de íons de prata, o que eleva sua eficiência bactericida e sua capacidade de filtração bacteriana a mais de 93% – índice bem superior ao solicitado pelas normas da ABIT e ABNT – inativando o novo Sars-Cov-2 em 1 minuto. O produto, testado e aprovado em diversos testes de qualidade, obteve recentemente a certificação da Unicamp.
O tecido antiviral da Delfim usa solução a base de prata Nanox e passou por um intenso processo de pesquisa e desenvolvimento para sua elaboração, com investimentos que até o momento foram de cerca de R$ 1 milhão. “Foram levados em conta tanto critérios relacionados à barreira mecânica, como essa inativação do coronavírus. O tecido passou por inúmeros testes até chegar na etapa final de comprovação de eficácia de inativação que traz a chancela do laboratório de Virologia do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob a direção da professora doutora Clarice Weis Arns, uma das mais respeitadas especialistas em virologia do País. Isso nos deixa mais tranquilos e felizes de que estamos oferecendo ao mercado, de fato, um produto que protege as pessoas”, frisa Mauro.
Do lado das confecções, que levam o produto final até o consumidor, a preocupação em contar com matéria prima com comprovação de eficácia se tornou ferramenta essencial para a sobrevivência diante da crise. Esse é o caso da Via Martins Confecções, localizada em Brodoviski, interior paulista. A confecção que há 25 anos utilizava suas máquinas para produção de roupas íntimas masculinas, precisou reavaliar sua atuação e se reinventar. Passou a fabricar toucas, aventais e máscaras, que levam o nome de Face Protection.
A empresa capacitou todos os funcionários para este novo formato de trabalho e tem estrutura preparada para gerar cerca de 10 mil máscaras por dia, além dos demais produtos que levam o tecido especial que com a presença desses componentes estudados cientificamente e comprovados que ajudam a inativar o Sars-Cov-2 da sua superfície.
De acordo com Eliseu Martins, proprietário da Via Martins, a empresa é a primeira em sua região a produzir em larga escala peças com a tecnologia de inativação do novo coronavírus. “Vimos esse novo mercado não só como um novo horizonte para a nós, mas também como uma forma ajudar o próximo no combate à doença”, conta.
O que o consumidor precisa saber
Para ajudar a identificar produtos com eficácia antiviral contra a COVID-19 comprovada, vale atentar para alguns fatores:
– Informações sobre a origem da matéria prima utilizada para confecção do produto e identificação do fabricante
– Acesso aos dados de comprovação sobre a eficácia por meio de registros oficiais assinados por universidades e laboratórios especializados, com os laudos de testes realizados por instituições reconhecidas no Brasil;
– Clareza nas informações sobre os componentes utilizados na fabricação;
– Sempre buscar adquirir tecidos e produtos finais em revendas autorizadas de confiança ou lojas online seguras.
Por: Mayara Vassoler Guerrero