Educação
Colégio Unesc 30 anos: Um “sim” que abre incríveis possibilidades
Ex-diretora da escola, Normélia Lalau, recorda a resposta positiva que mudou a sua vida e abriu caminhos.
Sim. Uma palavra pequena, com apenas três letras, mas que pode mudar a vida de quem a pronuncia e de quem a ouve.
Entre os muitos “sim” proferidos ao longo da vida, a professora Normélia Ondina Lalau de Farias, faz questão de deixar um registrado. Ele foi dito em 1994 e a colocou dentro do Colégio Unesc, como professora de Química. Mas antes veio a surpresa pelo convite. “Eu tinha recém retornado de Florianópolis, onde fiquei seis anos e meio. Fui para lá porque sou formada em Química Industrial e aqui não tinha encontrado oportunidades de atuação. Ao retornar para Criciúma me surpreendi com o convite para trabalhar no então Colégio de Aplicação, hoje Colégio Unesc”, lembra Normélia, que atualmente coordena o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) e o curso de Licenciatura em Química da Unesc.
O convite foi feito pela então diretora Rose Reynaud. “Lembro que até certo ponto fiquei receosa porque eu não me via trabalhando em uma escola privada e tampouco em um colégio de aplicação, mesmo porque quando saí de Criciúma ele não existia ainda. Dentro da Universidade Federal tive a oportunidade de conhecer e percebi que era uma maneira diferente de trabalhar a educação”, relembra.
Já sabemos qual foi a resposta que a diretora da época ouviu de Normélia, mas aquele “sim”, surgiu acompanhado do conselho de seu pai. “Agradeço muito ao meu pai, que já não está entre nós, que insistiu para que eu fosse ver qual era a proposta. Pensei: por que eu? Será que não teriam outras pessoas para serem entrevistadas? E elas me falaram que já haviam conversado com outros, mas quem atendia o perfil era eu. Para mim, aquele foi um voto gigantesco de confiança”, conta.
Quebra de barreiras e abertura de caminhos
Em 1995, Normélia se tornou professora do Colégio Unesc. Mais que isso: transformou-se na primeira mulher negra a lecionar na unidade.
E, como ela mesmo fala: ninguém lhe pediu para sair. Ela não pediu para sair, e foi ficando, ficando, até chegar 2013. E, assim, como 19 anos antes, ela se via diante de uma decisão difícil: na frente do reitor da Unesc, Gildo Volpato e do então diretor do colégio, Marcelo Feldhaus. Era preciso dar mais uma resposta. Em sua cabeça, proferir mais um sim? Ou desta vez dar uma resposta negativa?
Desta vez, o convite era para assumir a gestão da escola. “Era período de recesso quando o professor Marcelo me chamou para uma reunião. Eu imaginava que conversaríamos sobre os cursos técnicos que estávamos pensando em implantar e fui surpreendida pelo convite para assumir a gestão do Colégio. Confesso que levei um susto bem maior do que quando fui contratada”, menciona.
Após refletir, a resposta foi positiva e aquela professora de Química, que pisava no colégio pela primeira vez em 1995, se tornava a diretora. “Quando deixei a gestão do colégio enquanto educação básica e fiquei como gestora dos cursos técnicos em 2015, eu disse que agradecia a oportunidade ao professor Gildo e parabenizava porque em um espaço como este, ter a coragem de colocar à frente uma mulher, e uma mulher negra, algo que não era para qualquer um. Durante anos fui a única professora negra que tinha lá. E de repente, como mulher negra, dentro deste espaço que hegemonicamente é branco, eu achei que ele foi de uma coragem imensa”, relata.
Normélia deixou o colégio em 2019 para se dedicar às funções que exerce até hoje na Universidade. “Foram grandes os desafios. Não posso negar que houveram momentos que se interessaram pelo espaço, de trazer os seus filhos, e quando chegavam no portão da escola, queriam falar com o diretor, iam na sala e se surpreendiam com a minha pessoa, mas ao mesmo tempo tive uma aceitação muito grande dos alunos. Foi uma recompensa do que precisei conquistar lá atrás: a confiança. Quando cheguei me surpreendi com a acolhida e da forma como os estudantes me aceitaram. Aquele sim que eu disse lá atrás abriu muitas oportunidades”, pontua.
Sempre por perto
Depois de 28 anos se dedicando ao Colégio, a ex-secretária Genir Helena Mondardo nunca deixou de acompanhar a instituição, mesmo que de longe. “Todo o sucesso é fruto da contribuição de cada colaborador e seu gestor que de uma forma ou de outra se empenhou, e se empenha, pelo propósito do Colégio. A vida sempre nos desafia a fazer escolhas. Decidi conhecer novos caminhos, mas nunca deixei de acompanhar as lindas ações desenvolvidas pelo Colégio. Posso afirmar que atualmente conta com uma equipe comprometida e capacitada, que tem o apoio da reitoria da Universidade. E o resultado não poderia ser diferente: o Colégio Unesc é um colégio de excelência no qual os pais podem confiar seus filhos”, destaca.
A ex-diretora, Rose Reynaud opina que o Colégio Unesc colaborou e colabora com muitas pessoas. “Também tenho a alegria de minhas filhas terem estudado lá. Fico feliz com o espaço conquistado pela instituição e por se manter em crescimento, pois é o resultado do trabalho de cada um. Digo que a vida é uma corrida em que um passa o bastão para o próximo. Se passar de forma adequada, os frutos virão”, explana.
Também ex-diretor, Marcelo Feldhaus, segue ligado ao Colégio Unesc, já que a unidade educacional está vinculada à Diretoria de Ensino de Graduação, gerida por ele. Mas a sua história com a escola iniciou em 2008, através de um processo seletivo para a vaga de professor de Artes no Ensino Médio, função que exerceu até 2011, assumindo a direção em 2012.
Após 2018, quando passou à gestão da Diretoria de Ensino de Graduação. “O Colégio Unesc foi muito importante para a minha construção docente. Minha professoralidade passou pela escola como docente da disciplina de Artes no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Tive a oportunidade de pensar coletivamente, construir projetos de ensino junto com os professores das demais disciplinas e isso foi demasiado importante para compreender o como me construí professor”, menciona.
Vida vinculada ao colégio
Em 1992 Indianara Reynaud Toreti ingressava no então chamado Segundo Grau, hoje, Ensino Médio. E no dia 5 de março daquele ano, ela era uma das alunas que ocupava uma cadeira no primeiro dia de aula do Colégio Aplicação (CAP).
Ela mesmo fala que a sua história de vida está ligada à escola. Enquanto estudava, a sua mãe, Rose Reynaud, geria a instituição. De lá, Indianara ingressou no Ensino Superior, na Unesc. Hoje, ocupa a função de Pró-reitora Acadêmica.
As lembranças da época de CAP seguem vivas na memória dela. “Quando o colégio abriu eu entrei no primeiro ano do Ensino Médio. O lema da escola era ‘Liberdade com Responsabilidade’. Lembro bem das aulas, do uniforme cinza de moletom. Na época vínhamos com muita expectativa porque estávamos indo para uma Universidade. Era o máximo estudar no mesmo local onde os adultos estavam fazendo o Ensino Superior. Em que pese o fato de que a estrutura da Universidade tenha avançado bastante, de 1992 para cá, já tínhamos uma estrutura que outras escolas não tinham: uma biblioteca muito equipada, laboratórios, já tínhamos o Curso de Ciências Biológicas, então as aulas de Biologia eram feitas usando esta estrutura, por exemplo”, conta.
O futuro bate à porta
As comemorações não desviam os olhares do futuro. Nos planos, entre tantas outras ações, ainda mais melhorias no espaço físico e a sequência da implementação do novo Ensino Médio. “Já começamos no ano passado, agora é colocar em prática de forma gradativa pelos próximos três anos. Temos tudo aqui na Universidade. Não precisamos buscar fora soluções para a implantação do novo modelo. Vamos fortalecer ainda mais as parcerias com os cursos de graduação, enriquecer o portfólio de atividades extracurriculares que precisou ser atrasado por conta da pandemia, mas que neste ano já colocamos a funcionar a todo vapor. Cada vez mais os nossos professores estão entrando nas especializações, programas de mestrado, alguns de doutorado. Este é outro diferencial, pois alguns professores atuam no Colégio e na graduação e conseguem trazer esta troca de experiências, o que é bem importante”, observa.
Além das aulas tradicionais, os alunos que frequentam o Colégio Unesc ainda têm a possibilidade de participar das escolinhas de Karatê, futebol feminino, violão, violino e canto, em parceria com o Espaço Musical Tom Natural, atendimento pedagógico e o integral com imersão bilíngue aos alunos do 1º ao 5º ano.
Um futuro promissor para a instituição também é vislumbrado pelo Diretor de Ensino de Graduação da Unesc, Marcelo Feldhaus. “Iniciamos 2022 com 510 alunos e com forte fidelização de nossos estudantes, bem como, com o ingresso de muitos estudantes novos advindos de outras escolas da cidade. Ficamos felizes com essa escolha e confiança dos estudantes e de suas famílias. Nossa promessa de futuro é ampliar gradativamente o espaço físico, o número de estudantes matriculados, sempre articulados a uma proposta pedagógica aderente à missão e aos valores institucionais e com forte conexão com os documentos norteadores da educação brasileira”, projeta.
Mais possibilidades
A Pró-reitora Acadêmica, Indianara Reynaud Toreti destaca que a cada ano as necessidades do colégio e a proposta que se tem para ele vai mudando. “Nestes 30 anos ele veio avançando bastante e, em cada período do tempo, uma necessidade diferente. Hoje o colégio está muito bem estruturado do ponto de vista pedagógico, de equipe pedagógica, está em uma fase de expansão porque estamos aumentando o número de alunos, uma fase de consolidação e qualificação. Atualmente a Universidade fala muito da Graduação Multi e, junto dela, da experiência como eixo importante do processo formativo e o colégio também tem focado muito nisso: nas experiências que o aluno pode ter na estrutura da Universidade, na qual as possibilidades são imensas. Vejo o colégio em um momento em que está qualificando cada vez mais as atividades, em um período de expansão”, enfatiza.
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