Criciúma

Câmeras-trap: a tecnologia que valoriza e preserva a fauna silvestre em Criciúma

Ações de monitoramento fazem parte do projeto Faunativa, registrando mais de 21 espécies de mamíferos de médio e grande porte nas áreas verdes do município

Além de toda a vegetação e dos animais que habitam seus espaços, a fauna silvestre criciumense em alguns pontos específicos também tem a presença de câmeras. As tecnologias são chamadas de câmeras-trap, responsáveis por valorizar e preservar a fauna silvestre no município. “Um dos meus desejos desde criança sempre foi descobrir quais as espécies de animais que habitam na fauna de Criciúma”. A afirmação é do biólogo da Diretoria de Meio Ambiente de Criciúma (DMACRI), Vítor Bastos, que por meio de uma iniciativa que começou em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), atualmente, é responsável pelo principal projeto de preservação ambiental de Criciúma.As ações de monitoramento pelas câmeras-trap fazem parte do projeto ‘Faunativa’, que até o momento já registrou mais de 21 espécies de mamíferos de grande e médio porte que vivem nas áreas verdes de Criciúma. De acordo com o biólogo, essas câmeras já são feitas para serem posicionadas dentro das matas, devido à resistência reforçada na sua tecnologia.
“Quando iniciamos o projeto durante minha graduação utilizávamos apenas quatro câmeras, mas com o passar do tempo fui conseguindo mais e hoje estou com dez câmeras espalhadas por Criciúma”, pontuou. “As câmeras são adquiridas na Inglaterra e nos Estados Unidos, ou por pessoas que também participam de pesquisas com mamíferos de grande e médio porte como a minha em outras cidades do Brasil”, completa.

Posicionamento e registro dos animais

As câmeras-trap estão posicionadas e espalhadas nos dois corredores de mata que são formados em Criciúma. O primeiro corredor inicia no norte do município indo do Morro Cechinel até Treviso, e o corredor sul inicia no Morro do Céu indo até a BR-101. Conforme Bastos, cada câmera fica durante um mês no campo antes de ser checada.“Quando mais tempo sem fazer a checagem das filmagens, mais chances para conseguirmos registros dos animais. Principalmente, porque eles são sensíveis a cheiro e pela presença humana. Desse modo, quando mais tempo eu espero mais espécies consigo registrar na pesquisa”, comenta.As câmeras podem ser posicionadas entre 80 centímetros e um metro do solo. “Como meus estudos são focados nos mamíferos minhas câmeras são posicionadas no solo, porque eu consigo mais chances de registro em seus deslocamentos. Nessa parte, que entra o olho técnico, com a finalidade de saber onde os animais têm a possibilidade de passar requerendo conhecimento e prática”, explica Bastos.Conforme o biólogo, as principais espécies que as câmeras já registraram foram: o tamanduá-mirim, gato do mato pequeno, gato maracajá, jaguarundi e o bugio. “Independente das espécies que encontro é sempre um sentimento gratificante, porque isso é o projeto da minha vida. Então, só de eu conseguir ver esses animais já me sinto feliz e espero encontrar cada vez mais espécies continuando essa pesquisa por vários anos”, pondera.

Conhecer para preservar

O projeto Faunativa, da Diretoria de Meio Ambiente, também é realizado com os estudantes do Ensino Fundamental e Ensino Médio de Criciúma. Segundo a diretora de Meio Ambiente, Anequésselen Bitencourt Fortunato, o projeto é realizado em escolas perto de vegetações para os animais serem mostrados aos estudantes.“Sendo assim, o conhecimento de fauna e flora não é só importante para a preservação do meio ambiente, mas também para enriquecer o conhecimento sociocultural da nossa região. Contribuindo na diminuição da degradação da vegetação, aumentando a preservação dos habitats e na expectativa de vida desses animais no município”, frisou.Além disso, para Bastos a principal contribuição da sua pesquisa no município é no olhar que as pessoas passam a ter com os espaços nativos perto das suas casas. “Elas começam a perceber que não é só mato, e sim uma floresta nativa que está ali e pertence a nossa região. Dessa forma, conhecendo elas começam a perceber, valorizar e respeitar todas as espécies de animais e plantas que vivem em Criciúma”, conclui Vitor Bastos, biólogo da Diretoria de Meio Ambiente.

Texto e fotos: Patrick Stüpp

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