Educação
Hololab e Unesc implementam tecnologia de realidade mista para ensino na área da saúde
Aula-demonstração realizada na manhã desta segunda-feira (3) apresentou a estrutura a ser incorporada às disciplinas de Anatomia e Neuroanatomia
Uma iniciativa pioneira em nível nacional promove a inclusão da tecnologia de realidade mista no ensino na área da saúde. Fruto de mais de dois anos de desenvolvimento em parceria pela startup Hololab e a Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), a estrutura a ser usada pelos alunos de Anatomia e Neuroanatomia no Curso de Medicina foi apresentada à comunidade acadêmica e a autoridades regionais em aula demonstrativa na manhã desta segunda-feira (3).
A apresentação consolidou o avanço de uma primeira etapa de um sonho sem limites, garante o professor da UNESC e CEO da Hololab, empresa responsável pela tecnologia, Alexandre Vasques. A ferramenta virtual permite a alunos e professores visualizarem e manipularem, com ajuda de um óculos especial de realidade aumentada, o corpo humano completo em holografia, com a possibilidade de selecionar os 11 sistemas do corpo humano até individualmente. “Há oportunidades muito maiores de experimentações e interações. Se desejarem, por exemplo, uma perspectiva somente do sistema muscular, a ferramenta traz. Além disso, propicia uma lente de aumento para tornar o entendimento visual ainda melhor”, explica Vasques.
As aulas ocorrem em um local específico da Unesc denominado Centro de Realidade Mista Antônio Carlos Althoff. A estrutura conta com uma réplica de centro cirúrgico com duas salas para operação na qual nos próximos meses os alunos poderão experimentar a realização de procedimentos com realidade mista. “Temos nesse espaço um mix entre os mundos virtual e físico. Na disciplina de Técnicas Cirúrgicas, os acadêmicos vão ter a oportunidade de realizar três tipos de cirurgias nos pacientes representados em holografia. É uma experimentação maior e mais interativa do que em cadáveres, porque na realidade mista os pacientes expressam sentimentos e dores”, pontua Vasques.
A realidade mista representa para a Unesc um marco dentro da trajetória iniciada há dois anos e meio, quando a universidade tomou a decisão de ressignificar todo o projeto pedagógico com aprendizagem baseada na experiência, destaca a reitora Luciane Bisognin Ceretta. “Essa experiência tem produzido impacto muito significativo na medida em que todas as teorias e conceitos estudados, na anatomia e na cirurgia, com a possibilidade dos alunos fazerem uma imersão no corpo humano por meio da realidade mista. Para além dos objetos anatômicos que nós temos disponíveis para os nossos estudantes, eles podem ultrapassar todos os limites da aprendizagem por dentro do corpo humano. É um salto qualitativo na aprendizagem sem sombra de dúvidas nunca antes visto e a partir deste início, nosso sonho é expandir a atuação nos cursos de ciências da saúde e posteriormente para outras áreas do conhecimento”, relata a gestora universitária.
Para alcançar o pioneirismo e tornar o projeto real, além da união de Hololab e Unesc, foi necessária a obtenção de R$ 1 milhão destinados à compra dos equipamentos do Centro de Realidade Mista, recurso conquistado por meio de emenda parlamentar da deputada federal Geovânia de Sá. “A política pública de educação é fundamental porque é transformadora. Investir em tecnologia e inovação cada vez mais se faz necessário para preparar o futuro profissional de saúde para servir à sociedade. Nasce aqui um case de sucesso, sem dúvidas”, acredita a parlamentar.
Replicar para universidades e hospitais
Tornar o case um modelo replicado em outras partes do país está no radar de Unesc e Hololab, com foco sobretudo em universidades e hospitais. “Essa plataforma já está sendo moldada para isso porque acreditamos no potencial dela para revolucionar o ensino na área da saúde e posteriormente outros cursos. A tecnologia tem um grande potencial para ampliar capacidades das pessoas, reduzir custos e aperfeiçoar os treinamentos”, conta o gestor de Projetos da Hololab, Cristiano Damiani Tomasi.
Texto: João Pedro Alves